sábado, 26 de fevereiro de 2011

Para além do que se vê



Apesar do sangue já com tintura e força há séculos, na luta, na esperança justa de poder gozar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Encontro de Experiências Itacaré - Sertão de Tijuaçú

O Encontro de Experiências é uma atividade proposta no programa de formação de lideres que tem o objetivo de contribuir para a emancipação das pessoas através do conhecimento. A viagem foi realizada entre os dias 20 e 22 de novembro na comunidade quilombola de Tijuaçu no sertão da Ba, na oportunidade podemos conversar com os líderes e conhecer toda a luta que a comunidade tem travado desde o tempo no nascimento da comunidade com uma mulher guerreira conhecida como Maria Rodrigues e até hoje vive no coração de cada um que continua lutando para garantir os direitos e o respeito de todos.

Para as comunidades do sul da Bahia fica claro que a busca por direitos na nossa realidade está apenas começando, mais temos a certeza que estamos no caminho certo, e a troca de experiência nos ajuda a desenhar esse caminho e fortalecer a luta quilombola em toda a Bahia e também no Brasil.

Breve Histórico

“ Elas iam devagar. Estavam muito cansadas e esgotadas. Já muitas vezes o sol subiu e desceu do céu desde aquele dia, quando fugiram de uma senzala perto de Salvador. Dia e noite, noite e dia, e elas continuaram marchando atentas a qualquer perigo, fortalecendo-se com raízes, frutas, plantas e qualquer outra coisa que prestava para ser comida.Cada dia que passava era mais um dia vivido em liberdade. Cada passo dado por elas era mais um passo que as distanciava da horrível escuridão. Dias e noites, noites e dias passavam e elas iam adiante, na direção do desconhecido, cada vez mais livres, mas também cada vez mais cansadas. Na frente, perto de um morro apareceu diante dos seus olhos um pequeno lago. Mais um dia estava terminando. Uma das três mulheres, Maria Rodrigues, parou e aconselhou as duas outras para passarem a noite na beira deste lago ..., foi Mariinha Rodrigues “uma negra fugida”, a desbravadora do território, que residia no Alto Bonito e que, estrategicamente, povoou as terras de Tijuaçu, pondo em cada localidade um filho, com o objetivo de tomar posse dessas terras, pelo uso e ocupação ”. ( Folder de Tijuaçú)

Tijuaçú, cidade cujo nome significa Lagarto Grande ou Teiú como é chamado naquela região, tem 4.990 habitantes e é formada pela vila e pelos povoados que a cercam ( Quebra Facão, Alto Bonito,Olaria e Queimada Grande ).



Seminário Estadual do Brasil Quilombola na Bahia



O seminário faz parte de um esforço do governo federal através da SEPPIR, Ministério da educação, Ministério da saúde e Ministério do desenvolvimento social em divulgar, debater e fortalecer as políticas públicas para as comunidades quilombolas nos estados da Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e Pará. Essas políticas estão dentro do programa Brasil Quilombola do governo federal e que é articulado pela SEPPIR.

A dinâmica do evento foi de apresentação das ações que compõem o programa seguida de debates e encaminhamentos, foi um espaço importante para as comunidades para um melhor entendimento do que representa o programa e tiradas de pautas para encaminhar nos municípios a partir das informações obtidas.



terça-feira, 27 de outubro de 2009

O mês da consciencia negra começou mais cedo em Itacaré: Fundação Pública do Conselho Quilombola de Itacaré

A fundação pública do Conselho Quilombola de Itacaré aconteceu no último sábado dia 24 de outubro e representou um marco na organização do Movimento Negro local.

O evento foi o resultado de um trabalho permanente de parceria entre lideranças afro e o Núcleo de Políticas Públicas do Instituto Floresta Viva.

Com o intuito de garantir o empoderamento das lideranças e comunidades, o evento foi também uma espécie de laboratório onde o Floresta Viva assumiu o papel de assessoria e mediação para que eles tomassem as decisões! Além disso o Floresta fez uma pequena participação para entregar formalmente um kit para cada comunidade contendo: 1 banner, 1 album de fotografias da comunidade e uma impressão do texto do Diagnóstico dos quilombos de Itacaré.

O resultado foi um evento bonito, colorido e intenso executado pelo Conselho Quilombola e outras lideranças quilombolas inseridas no projeto Líder Quilombola, Associação Casa do boneco que além da apresentação cultural, arcou com a produção de delicioso caruru, Grupo Raizes, que fez apresentação, mobilizou sambadores e deu um suporte importante na organização do espaço, Associação Tribo do porto que concedeu o espaço sem cobrar nada por isso, o Rancho do Bicho caçador, que apesar de não ter seus integrantes disponibilidade, não deixou passar em branco e apresentou a manifestação mirim.

Apesar da ausência total dos poderes públicos, o evento foi contemplado pela grande participação popular de lideranças do território litoral sul, movimento indígena tupinambá, professores e estudantes locais, CEPLAC, SEBRAE, UESC, ONG's locais, e figuras ilustres como Vivaldo Mendonça, Professor Flávio, Roberto Setúbal, Roger Sarmento, Paula Melo, Dona Delice, Mãe Júlia , Jorge Rasta, Elder Main representando o deputado Luís Alberto, dentre outros.

O Conselho Quilombola de Itacaré tornou pública sua luta, seu poder e seu aprendizado. Um destaque do evento foi Delsuc Gomes, liderança do Fojo, impressionou a todos com sua capacidade expressiva. Outro ponto importante é o aprendizado de romper a barreira das rivalidades entre os grupos afro e trabalhar em rede, esse exercicio está sendo feito e o Conselho se pretende agregador dessa batalha.
Mesa de pronunciamentos


Puxada de Rede da Casa do Boneco de Itacaré
Rancho do Bicho Caçador Mirim


Mesa com os Conselheiros e a mensagem: "Conquistando um lugar em nosso próprio mundo"
Movimento Indígena Tupinambá de Olivença
Grupo Cultural Raízes
Samba de Roda comandado por sambadores e sambadoras quilombolasRoberto Setúbal, Jitilene e Rejane


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Oficina de comunicação - módulo II

Para muitas lideranças foi o primeiro debate sobre ideologia e manipulação da mídia, o que gerou para muitos surpresa, principalmente no entendimento da criminalização organuzada que a mídia faz com os movimentos sociais.
Nesse módulo, além do entendimento da manipulação e de que a mídia reproduz a ideologia da classe dominante do país, as liderenças tiveram a introdução do tema comunicação independente, para isso, tiveram oficinas práticas de fotografia digital, criação e manutenção de blog, criação e articalução de um informativo mensal (que já tem patrocinador)...
Em breve, anunciaremos o blog e o informativo... a previsão é novembro!!!!

A dica é ITACARÉ MOSTRA SUA CARA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Agenda

11 de outubro - Caruru Casa do Boneco de Itacaré
15 e 16 de outubro - Oficina de Comunicação em Itacaré - Projeto Líder Quilombola
17 de outubro - Conferencia Municipal de Cultura de Itacaré
20 de Outubro - Reunião interna sobre educação ambiental - IFV
20 e 21 de outubro - Oficina Territorial de Educação - Em Ilhéus
27 e 28 de outubro - Oficina Territorial de Cultura - local a definir
31/10 e 01/11 - Oficina de Educação Ambiental em Taboquinhas - Líder Quilombola

Fortalecimento das Associações e início da Mobilização para os Projetos MDA 2009/2010

No último domingo, 04 de outubro, a equipe do Floresta reiniciou a presença regular no acompanhamento das Associações quilombolas. Na comunidade Serra de Água foi muito satisfatório notar as lideranças quilombolas com mais expressividade e consciencia política. Nossa visita significou o início da mobilização para os projetos do MDA e um assessoramento para a consolidação da horticultura (no caso dessa comunidade, como atividade com maior investimento no momento) e sua comercialização, que tem no SEBRAE um outro suporte importante e presente nas comunidades. Este acompanhamento é feito tanto do ponto de vista do suporte técnico, quando do pensar as estratégias da associação.


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Evento de Fundação do Conselho Quilombola de Itacaré




Conselho Quilombola e Floresta Viva reunidos para definir programação do evento.
Com intuito de que esse evento seja um evento do Conselho, pensado pelo Conselho, com a cara do Conselho para atender os anseios quilombola, foi realizada importante reunião para definir a programação do evento, o resultado superou as expectativas, gerou uma programação rica e variada com:
- Abertura Cultural: Puxada de Rede, dança afro e Rancho da Volta da Jibóia.
- Empossamento e pronunciamento dos conselheiros
- Palestra sobre cidadania quilombola com a Fundação Cultural Palmares
- Mesa de pronunciamentos com poderes públicos, Entidades e personalidades
- Encerramento com o rancho do Bicho caçador, Samba de Roda e caruru
Aguardamos todos e todas nessa importante celebração!!!!

Capacitação em desenvolvimento territorial

A Capacitação em Desenvolvimento Territorial do Líder Quilombola gerou mais uma oficina dessa vez com o subtema Desenvolvimento X Racismo. Baseado no Relatório Sobre Pobreza, Violência e Racismo da ONU, no Livro Políticas Públicas para População Negra no Brasil organizado pelo IPEA, no pensamento de Mario Theodoro, economista do IPEA , no Filme Homens de Honra e no documentário Intolerancia Religiosa, a oficina foi importantíssima para as lideranças entederem os elementos e conceitos do IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, as origens e o conceito de Racismo e relacionar os dois temas.

"Os estudos que relacionam desenvolvimento e racismo comprovam que sem encarar racismo não teremos desenvolvimento num país como o Brasil, que cresce tanto economicamente mas não consegue fazer distribuição de renda e ainda tem no fenótipo o elemento determinante em se tratando de segurança pública, tolerancia religiosa, oportunidade no mercado de trabalho, acesso a educação e saúde... Durante a oficina fizemos também uma viagem na história da África que comprovou que nossa história africana é uma história rica não só de cultura, mas de ciência, o legado africano real é um legado abafado, mascarado de pobreza e miséria.... Defendo a hipótese que apenas quando essa historia de riqueza, avanços científicos, cultura e diversos saberes for reconectada em sua dimensão maior com os povos da África e da diáspora, teremos poder político suficiente para avançar na conquista de uma história de glórias que nos foi roubada..." (Sayonara Malta - Historiadora)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Desenvolvimento e Racismo para pensar o BRASIL




A tarde da última segunda feira, dia 14, durante do I Seminário de educação e Multiculturalismo na UESC, foi abrilhantada pelo debate com Mário Theodoro, Diretor de Cooperação e Desenvolvimento do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Abaixo, um resumo das idéias apresentadas pelo ilustre palestrante.

“A população negra sempre está em pior condições, independente das variáveis. Isso desenha um problema: grupos distintos estão sendo contemplados pela atuação do governo. Como pensar desenvolvimento sócio econômico num país com essa dimensão de desigualdade, Onde há crescimento sem distribuição de renda? É um tipo de “Modernização sem mudança”, uma economia consegue crescer bastante e continuar reproduzindo pobreza e miserabilidade. Isso dá ao país a capacidade de naturalizar o ambiente de pobreza, essa capacidade está na mesma proporção da capacidade de gerar riqueza e pobreza ao mesmo tempo. Um tema importante e central disso é o Racismo. O discurso de todos os partidos políticos e programas de governo discutem e tratam do desenvolvimento, essa palavra é central, quando o central deveria ser o RACISMO, tema que acaba se tornando elemento secundário e destinado a ou outro ministério.É o racismo brasileiro a ideologia que naturaliza a desigualdade e coloca a seguinte disposição: para uns existem vários limites e barreiras, para outros, tudo é possível e viável. A desigualdade que ocorre aqui no país, não é uma desigualdade de incluídos e excluídos, todos conseguem ser incluídos nesse sistema, mas uma inclusão perversa, por exemplo, o Brasil é campeão mundial de reciclagem , mas esse índice é gerado a partir da inclusão perversa de milhares de catadores e catadoras de latinhas , crianças, mulheres e homens que trabalham de dia, noite e madrugada nas festas e carnavais, para fazer o país um campeão em reciclagem. Então a população se inclui sim nesse processo, mas é uma inclusão perversa. Enquanto tivermos na rua pessoas pra fazer qualquer coisa a qualquer preço, não teremos desenvolvimento e teremos uma sociedade que continua reproduzindo desigualdade, mas quando a classe média estará disposta ou a pagar o devido a esses serviços como os domésticos ou terá que fazer esse serviço. Um outro exemplo de como se daria essa equiparação, não haveria mais um trabalhador na rua engraxando sapatos, haveria uma empresa em que esse engraxate teria um salário digno e carteira assinada para engrachar os sapatos. O desenvolvimento fica entendido como sonho impossível, um nirvana que nunca se alcança, todos os discursos políticos falam desse assunto de desenvolvimento, mas o Estado Brasileiro não vai conseguir isso sem fazer o dever de casa da equidade e da distribuição de renda. Enquanto a Classe Média luta para ter um salário de mais de 3000 reais, por que esse salário é pouco, essa mesma classe acha absurdo pagar 600 reais para a doméstica. Equalizar renda então passa pela questão racial, sem isso, é achar que 600 é mais que 3000. O país não fez o seu dever de casa e deixou a desejar quando instituiu a Lei de Terras em 1850, e quando a abolição substituiu a mão de obra negra pela mão de obra do imigrante, nesses momentos históricos, o país deixou de fazer seu dever e cumprir com seu papel, foram 2 graves erros históricos. Enquanto não colocarmos a questão racial como principal do país, não resolveremos a questão do desenvolvimento. Quando há um esforço do Estado em garantir algum tipo de reparação a Classe Média brada e nos faz acusações de toda ordem, a começar pelo sistema de cotas. O sistema de cotas é tido como um outro tipo de discriminação, mas é uma discriminação sim, todo tipo de política você faz um tipo de discriminação de um público que é atendido e outro que não é atendido. Mas o alarde maior acontece no âmbito das questões raciais, por exemplo, o país por muitos anos manteve um sistema de cotas na universidade para os filhos de fazendeiros e isso nunca foi um motivo de contestação, problema ou alarde na dimensão que é a cota para negros. E olhe que cota é pro negro que consegue concluir o ensino médio, porque a grande maioria pára de estudar com 12 anos para trabalhar. E não se trata necessariamente de mudar de sistema, de tentar acabar com o capitalismo e colocar o socialismo, mas o capitalismo pode ser mais justo do que isso que acontece aqui no país, isso aqui é um absurdo, o Brasil por exemplo é o único país do mundo que tem elevador de serviços, mas não é um elevador de serviços, é um elevador de serviçais. Então o país precisa lutar para que 600 não seja mais que 3000...”

Encontro de experiências Itacaré Maraú

13 de setembro foi um dia importante para o Núcleo de Políticas Públicas e os quilombos de Itacaré e Maraú. Foi o primeiro Encontro de Experiências Quilombolas Itacaré - Maraú. Cerca de 80 pessoas participaram do evento que teve como tema Identidade quilombola, esse tema foi trabalhado a partir do direito, da cultura, do conceito de quilombo e da estética negra.

Início da atuação do núcleo em Maraú, integração de Maraú e Itacaré, motivação, ampliação do sentimento de pertencimento, reconhecimento de um território quilombola comum, união de forças, engajamento, tudo isso e muito mais representou esse evento. Retornamos com as energias recarregadas, com a sensação de um caminho aberto pra atuação e fortalecimento territorial.

"Duas quilombolas de Maraú estavam perto de mim e disseram: ' Eu já ia desistir da associação, mas depois desse encontro, agora eu não desisto não, eu sou quilombola mesmo, eu nunca quis me desfazer de minha terra, agora, eu não vou querer mais desistir' , esse evento foi muito importante pra gente mesmo. (Jitilene, quilombola do Santo Amaro, presidente do Conselho Quilombola de Itacaré)


"Nunca tivemos um momento como esse aqui em Maraú, precisamos que essa discussão aconteça de novo, com mais tempo, por que esse assunto do Direito, as pessoas confundem muito, acham que agora a terra vais er de todo mundo e ninguem vai ter autonomia, a gente precisa que vocês façam isso lá na comunidade também" (Gilson - quilombola do Baetés)


Agradecemos o apoio de todas as comunidades, representações presentes e o apoio da Prefeitura de Maraú na pessoa de Noélia.



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