terça-feira, 29 de setembro de 2009

Evento de Fundação do Conselho Quilombola de Itacaré




Conselho Quilombola e Floresta Viva reunidos para definir programação do evento.
Com intuito de que esse evento seja um evento do Conselho, pensado pelo Conselho, com a cara do Conselho para atender os anseios quilombola, foi realizada importante reunião para definir a programação do evento, o resultado superou as expectativas, gerou uma programação rica e variada com:
- Abertura Cultural: Puxada de Rede, dança afro e Rancho da Volta da Jibóia.
- Empossamento e pronunciamento dos conselheiros
- Palestra sobre cidadania quilombola com a Fundação Cultural Palmares
- Mesa de pronunciamentos com poderes públicos, Entidades e personalidades
- Encerramento com o rancho do Bicho caçador, Samba de Roda e caruru
Aguardamos todos e todas nessa importante celebração!!!!

Capacitação em desenvolvimento territorial

A Capacitação em Desenvolvimento Territorial do Líder Quilombola gerou mais uma oficina dessa vez com o subtema Desenvolvimento X Racismo. Baseado no Relatório Sobre Pobreza, Violência e Racismo da ONU, no Livro Políticas Públicas para População Negra no Brasil organizado pelo IPEA, no pensamento de Mario Theodoro, economista do IPEA , no Filme Homens de Honra e no documentário Intolerancia Religiosa, a oficina foi importantíssima para as lideranças entederem os elementos e conceitos do IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, as origens e o conceito de Racismo e relacionar os dois temas.

"Os estudos que relacionam desenvolvimento e racismo comprovam que sem encarar racismo não teremos desenvolvimento num país como o Brasil, que cresce tanto economicamente mas não consegue fazer distribuição de renda e ainda tem no fenótipo o elemento determinante em se tratando de segurança pública, tolerancia religiosa, oportunidade no mercado de trabalho, acesso a educação e saúde... Durante a oficina fizemos também uma viagem na história da África que comprovou que nossa história africana é uma história rica não só de cultura, mas de ciência, o legado africano real é um legado abafado, mascarado de pobreza e miséria.... Defendo a hipótese que apenas quando essa historia de riqueza, avanços científicos, cultura e diversos saberes for reconectada em sua dimensão maior com os povos da África e da diáspora, teremos poder político suficiente para avançar na conquista de uma história de glórias que nos foi roubada..." (Sayonara Malta - Historiadora)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Desenvolvimento e Racismo para pensar o BRASIL




A tarde da última segunda feira, dia 14, durante do I Seminário de educação e Multiculturalismo na UESC, foi abrilhantada pelo debate com Mário Theodoro, Diretor de Cooperação e Desenvolvimento do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Abaixo, um resumo das idéias apresentadas pelo ilustre palestrante.

“A população negra sempre está em pior condições, independente das variáveis. Isso desenha um problema: grupos distintos estão sendo contemplados pela atuação do governo. Como pensar desenvolvimento sócio econômico num país com essa dimensão de desigualdade, Onde há crescimento sem distribuição de renda? É um tipo de “Modernização sem mudança”, uma economia consegue crescer bastante e continuar reproduzindo pobreza e miserabilidade. Isso dá ao país a capacidade de naturalizar o ambiente de pobreza, essa capacidade está na mesma proporção da capacidade de gerar riqueza e pobreza ao mesmo tempo. Um tema importante e central disso é o Racismo. O discurso de todos os partidos políticos e programas de governo discutem e tratam do desenvolvimento, essa palavra é central, quando o central deveria ser o RACISMO, tema que acaba se tornando elemento secundário e destinado a ou outro ministério.É o racismo brasileiro a ideologia que naturaliza a desigualdade e coloca a seguinte disposição: para uns existem vários limites e barreiras, para outros, tudo é possível e viável. A desigualdade que ocorre aqui no país, não é uma desigualdade de incluídos e excluídos, todos conseguem ser incluídos nesse sistema, mas uma inclusão perversa, por exemplo, o Brasil é campeão mundial de reciclagem , mas esse índice é gerado a partir da inclusão perversa de milhares de catadores e catadoras de latinhas , crianças, mulheres e homens que trabalham de dia, noite e madrugada nas festas e carnavais, para fazer o país um campeão em reciclagem. Então a população se inclui sim nesse processo, mas é uma inclusão perversa. Enquanto tivermos na rua pessoas pra fazer qualquer coisa a qualquer preço, não teremos desenvolvimento e teremos uma sociedade que continua reproduzindo desigualdade, mas quando a classe média estará disposta ou a pagar o devido a esses serviços como os domésticos ou terá que fazer esse serviço. Um outro exemplo de como se daria essa equiparação, não haveria mais um trabalhador na rua engraxando sapatos, haveria uma empresa em que esse engraxate teria um salário digno e carteira assinada para engrachar os sapatos. O desenvolvimento fica entendido como sonho impossível, um nirvana que nunca se alcança, todos os discursos políticos falam desse assunto de desenvolvimento, mas o Estado Brasileiro não vai conseguir isso sem fazer o dever de casa da equidade e da distribuição de renda. Enquanto a Classe Média luta para ter um salário de mais de 3000 reais, por que esse salário é pouco, essa mesma classe acha absurdo pagar 600 reais para a doméstica. Equalizar renda então passa pela questão racial, sem isso, é achar que 600 é mais que 3000. O país não fez o seu dever de casa e deixou a desejar quando instituiu a Lei de Terras em 1850, e quando a abolição substituiu a mão de obra negra pela mão de obra do imigrante, nesses momentos históricos, o país deixou de fazer seu dever e cumprir com seu papel, foram 2 graves erros históricos. Enquanto não colocarmos a questão racial como principal do país, não resolveremos a questão do desenvolvimento. Quando há um esforço do Estado em garantir algum tipo de reparação a Classe Média brada e nos faz acusações de toda ordem, a começar pelo sistema de cotas. O sistema de cotas é tido como um outro tipo de discriminação, mas é uma discriminação sim, todo tipo de política você faz um tipo de discriminação de um público que é atendido e outro que não é atendido. Mas o alarde maior acontece no âmbito das questões raciais, por exemplo, o país por muitos anos manteve um sistema de cotas na universidade para os filhos de fazendeiros e isso nunca foi um motivo de contestação, problema ou alarde na dimensão que é a cota para negros. E olhe que cota é pro negro que consegue concluir o ensino médio, porque a grande maioria pára de estudar com 12 anos para trabalhar. E não se trata necessariamente de mudar de sistema, de tentar acabar com o capitalismo e colocar o socialismo, mas o capitalismo pode ser mais justo do que isso que acontece aqui no país, isso aqui é um absurdo, o Brasil por exemplo é o único país do mundo que tem elevador de serviços, mas não é um elevador de serviços, é um elevador de serviçais. Então o país precisa lutar para que 600 não seja mais que 3000...”

Encontro de experiências Itacaré Maraú

13 de setembro foi um dia importante para o Núcleo de Políticas Públicas e os quilombos de Itacaré e Maraú. Foi o primeiro Encontro de Experiências Quilombolas Itacaré - Maraú. Cerca de 80 pessoas participaram do evento que teve como tema Identidade quilombola, esse tema foi trabalhado a partir do direito, da cultura, do conceito de quilombo e da estética negra.

Início da atuação do núcleo em Maraú, integração de Maraú e Itacaré, motivação, ampliação do sentimento de pertencimento, reconhecimento de um território quilombola comum, união de forças, engajamento, tudo isso e muito mais representou esse evento. Retornamos com as energias recarregadas, com a sensação de um caminho aberto pra atuação e fortalecimento territorial.

"Duas quilombolas de Maraú estavam perto de mim e disseram: ' Eu já ia desistir da associação, mas depois desse encontro, agora eu não desisto não, eu sou quilombola mesmo, eu nunca quis me desfazer de minha terra, agora, eu não vou querer mais desistir' , esse evento foi muito importante pra gente mesmo. (Jitilene, quilombola do Santo Amaro, presidente do Conselho Quilombola de Itacaré)


"Nunca tivemos um momento como esse aqui em Maraú, precisamos que essa discussão aconteça de novo, com mais tempo, por que esse assunto do Direito, as pessoas confundem muito, acham que agora a terra vais er de todo mundo e ninguem vai ter autonomia, a gente precisa que vocês façam isso lá na comunidade também" (Gilson - quilombola do Baetés)


Agradecemos o apoio de todas as comunidades, representações presentes e o apoio da Prefeitura de Maraú na pessoa de Noélia.



terça-feira, 1 de setembro de 2009

Uma outra agricultura... uma identidade afirmada e defendida... uma reapropriação cumprida... uma reparação devida...uma dignidade atrasada, por isso urgente!

"vamos fazer um mundo mais do nosso jeito"
"Apenas o engajamento na ação coletiva, na realidade histórica, pode dar sentido à 
existência individual"
Jean-Paul Sartre

Programa de Lideranças Quilombolas - Políticas Públicas e Regularização Fundiária

As lideranças negras de Itacaré são envolvidas numa construção de entender as políticas públicas, implementá-las, compreender suas disposições e limitações. Esse trabalho é feito tanto no sentido de enteder o estado brasileiro diante das comunidades tradicionais, quanto de entender o papel social e político de cada um nesse processo. Nesse sentido, o trabalho de assessorar as associações e o conselho quilombola é um trabalho lento, detalhista e permanente para as apropriações necessárias desse saber e desse empoderamento.

Programa de Lideranças Quilombolas - Formação em comunicação: falar em público

As oficinas em comunicação começaram com as questões básicas de comunicação interna: como se comunicar em público numa associação, num evento, na participação em uma reunião estratégico com parceiros, dos cuidados necesários para gerar transparencia, boas relações e confiabilidade coletiva.

Programa de Lideranças Quilombolas - Formação em Gênero

Pela primeira vez entre a maioria das lideranças, esse tema foi tratado... O questionamento da posição do homem e da mulher na sociedade, as diferenças e opressões naturalizadas, a problematização da cultura do machismo, todas essas questões estiveram nos dois dias intensos quando GÊNERO foi uma colaboração de formação bastante envolvente, contestadora, polêmica e importancia para a qualificação dos grupos envolvidos

Programa de Lideranças Quilombolas - formação em liderança

Quais o papel do líder? o que é um bom líder? quais as qestões cruciais nesse processo? quem são nossas lideranças locais? o que elas têm a dizer? A formação em liderança teve esse papel, mais que isso. trouxe para os quilombolas a necessidade de um dever de casa necessário - o que preciso exercitar nessa liderança? O que essa formação tem feito a diferença no cotidiano das entidades envolvidas?

Organização política

O Núcleo atua com assessoria permanente às lideranças quilombolas na participação representação em  reuniões, eventos fóruns.
Reunião Conselho Quilombola com secretarias estaduais SEPROMI, SEDES e  SEDUR, com intuito de levantamento de demandas  e atuação no planejamento das comunidades.

Encontros quilombolas em Itacaré - Fortalecimento político, cultural e comunitário!





Intercâmbios de experiência

Experiências com orgãnicos. Viagem pelo SEBRAE à Brasília.

Viagem ao quilombo de Ivaporunduva em São Paulo, experiencias com o processo produtivo de banana orgânica, planejamento rural e organização comunitária.

Os intercâmbios fazem parte da metodologia de aprendizagem e motivação de atores envolvidos no processo de transformação e desenvolvimento comunitário.

Assistência técnica e agroecológica



Assistencia tecnica em horticultura, galinha caipira e flores tropicais

O ano de 2007 deu início à intervenção agroecológica em áreas coletivas e individuais nas comunidades quilombolas, um desafiador exercício de repensar a produção rural. Objetivando melhorar a renda e colaborar com a segurança alimentar, essa ação se torna permanente pela dimensão do desafio e pelo contexto das comunidades.



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